sábado, 29 de março de 2008

Fragmentos da Memória


É manha de 24 de Julho...
O ano não sei bem ao certo.
vejo teu vulto...Como de um fantasma sentado no sofá.
Eu...? Tomo café...Longo e demorado café...
Já fazem três semanas que não olho a correspondência...
passo os olhos pela janela, como se procurasse algum vestígio da noite...
Mas defitivamente, amanheceu!
A manha desponta sua plenitude à quem possa admirar...
Eu particularmente a detesto!!!
Passo na pequena chicara....
penso em mais um café.Enquanto observo teu espectro...
Teu vulto é semelhante a de um morto.
Algo que já deixou esta vida a muito...Que só agora olhando os fragmentos da memória é que posso ver...
Quase posso enxergar o que pensa, como se teus pensamentos tomassem forma e flutuassem pela sala...
Tudo devaneio...logo se vai...

Decido então mudar a minha vida...mas chego só até a mesa circular, pequenina utilidade central da sala, onde deixo normalmente meu maço de cigarros...volto à cozinha...mais um café.
tua presença já se fora e com ela meu desprezo pela manha.
Apesar de ainda não gostar dela, eu a suporto como teu perfume adocicado que ainda esta no meu colchão...
Eu agora já passo das dez.Me vou pelas horas...
Fragmentos da memória agora me parecem tão banais!

Mas de quando em vez teu vulto ainda me aparece para lembrar-me que fui tua...
Nunca vou esquecer aquela manha de Julho quando finalmente me libertei.
Teu braço circulando minha cintura e tua boca dizendo: Pula!